quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Bertrand Russell fala sobre religião

Uma entrevista de 1959 com o pensador inglês Bertrand Russel, onde ele fala, muito suscintamente, o que pensa sobre a religião.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

O Universo conhecido.

Outra dimensão para o lugar do homem no mundo... e no universo.

O que a katábasis tem a ver com isso?

Seria interessante, neste primeiro texto, procurar explicar o que me levou a utilizar aqui a idéia carregada pelo termo grego katábasis. A expressão κατάβασις, de κατα- (baixo) e βαίνω (andar), o que dá em “descer” ou “ir para baixo”, é um tema comum em diversos mitos – o que a antropologia estruturalista chama de mitema (nominalmente Claude Lévi-Strauss). O mitema da descida a um submundo, ou a um reino dos mortos, é recorrente nos mitos grego: Kóre-Perséfone, raptada e desposada por Hades, é buscada de forma dramática por sua mãe Deméter, que consegue, por intermédio de Zeus e Hermes, que sua filha passe parte do ano junto de si no mundo superior; o mito de Héracles, quem tem como um dos 12 trabalhos que realizou como penitência ordenada pelo oráculo de Delfos por ter matado sua esposa e seus filhos, a descida ao Hades para capturar o cão Cérbero (o que fez com a permissão do deus do submundo), e quem depois retornou; ainda se poderiam citar o mito sumeriano de Innana-Ishtar, ou o mito cristão da ressurreição de Jesus – em momento oportuno poderei comentar esses mitos. O importante aqui é considerar a idéia de que, assim como ressaltou o historiador Walter Burkert, nada, após o retorno do submundo, será como era antes. A vida muda de perspectiva ao se visitar o outro lado. É neste sentido que adoto esta expressão como título desta página.
Não significa isto que pretendo advogar um efetivo suicídio com a intenção de visitar um possível “outro mundo”, para que depois retornemos e contemos o que lá foi visto, ao modo de como procedeu Odisseu na corte dos Feácios, narrando sua conversa com Aquiles quando esteve no Hades.
Seguindo a Descartes podemos afirmar que todo o processo de construção de conhecimento se dá através de uma prévia destruição das concepções que temos sobre um assunto para que, posteriormente, possamos, através do estudo, tentar formular algum tipo de noção mais verdadeira, originada de um processo de reflexão. Devemos “transvalorar valores”, como diria Nietszche, para que possamos formular os nossos próprios valores. Isto é, sem dúvida, um tipo de morte – é sensível a crise individual que essa destruição de concepções e valores nos traz – da qual retornamos após um longo período de reflexões, despertas por leituras, conversas, etc.
Observar o mundo ao nosso redor após a desconstrução, ou mesmo a destruição de nossas concepções sobre esse mundo, e uma posterior reformulação dessa visão não é então um ato realizado de igual modo como anteriormente era feito: assim como no mitema da katábasis, as coisas não são mais como antes!
Pretendo aqui, deste modo, falar um pouco sobre as minhas “descidas”, assim como sobre os meus retornos. E me aprazeria muito se eu ajudasse, com isto, as descidas de outros. Já as subidas são por conta de cada um. A constituição de valores e concepções de mundo podem ser ajudadas por muitos, mas é sempre um trabalho muito individual...